quarta-feira, 31 de março de 2010

A ideia e a realidade o cinema português


Há uma ideia erradíssima sobre o cinema português - e é caso para dizer que o cinema português sempre pareceu sofrer disto: das "ideias" que se têm dele e menos da realidade que é a sua (que essa sim, por ignorância ou por alheamento, parece escapar aos juízos imediatos e estereotipados) - que avança que os seus agentes (realizadores, produtores, actores, argumentistas, sei lá) passam o tempo e a vida à espera do subsídio à sombra da bananeira e a fazer tudo por tudo para tirar gente das salas de cinema.

Pode haver casos em que tal aconteça e não temos dúvidas que boa parte dos equívocos entre os criadores e as audiências estão hoje enraizados numa espécie de resistência natural entre uns e outros, mas a verdade é que o desejo de fazer cinema, em suma, de fazer filmes e contar histórias anda por aí e os mais desatentos não podem julgar tudo pela mesma bitola só porque o discurso contra o cinema nacional se tornou uma "moda crónica" das mesas de café. Isto para dizer só o seguinte: há bons e maus filmes, bons e maus realizadores, uma evidência tão natural no nosso país como na indústria americana.

O problema é que isto impede-nos, a nós portugueses, de distinguir a qualidade da mediocridade. É uma derrota à partida que todos aqueles que lutam para produzir e estrear filmes não merecem. O artigo do Público de hoje, intitulado "O cinema português nunca existiu tanto e com tão pouco" (bem ao estilo da jornalista Inês Nadais) mostra-nos afinal que há gente no cinema português a fazer por ele. O cinema português não é uma abstracção: tem virtudes e defeitos, precisa de soluções e criatividade, de dinheiro e imaginação, e essencialmente de público. De ser visto. Era bom que começássemos por aí, de uma vez por todas.

Imagem: Trás-os-Montes (1976) de Margarida Cordeiro e António Reis

Extensões IndieLisboa 2010


É uma notícia que já podemos confirmar: à semelhança do que aconteceu no ano passado o IndieLisboa volta a passar por Leiria e Alcobaça e pela rede *aurora, trazendo mais uma vez para fora da capital o melhor que se anda a fazer no universo do cinema independente por esse mundo fora. O Teatro José Lúcio da Silva volta desta forma a ter o privilégio de constituir o primeiro local a acolher uma extensão da 7.º edição do Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, logo após o fim do certame no dia 2 de Abril - leirienses, as datas a apontar são as seguintes: 3 a 5 de Maio -, seguido alguns dias mais tarde pelo Cine-Teatro de Alcobaça que recebe pela quarta vez consecutiva (é já uma relação consolidada), entre os dias 15 e 17 de Maio, a igual oportunidade de darmos uma espreitadela ao programa do festival.

O IndieLisboa terá lugar este ano entre os dias 22 de Abril e 2 de Maio também na Culturgest, que este ano se assume como co-produtora do evento juntando, deste modo, mais dois ecrãs de cinema aos seis já conhecidos. A programação caracteriza-se, como sabemos, pela apresentação de longas e curtas metragens, obras de ficção, filmes de animação, experimentais e documentários tendo como objectivo principal a promoção e divulgação de obras e autores nacionais e estrangeiros ao público em geral e aos profissionais do sector.

Naturalmente, o programa previsto para as extensões do IndieLisboa 2010 em Leiria e Alcobaça ainda não é possível ser conhecido dada a natureza de actualidade da mostra, pois só depois do final do festival ficará decidida a selecção de filmes. Certa será a presença já habitual de uma sessão IndieJúnior adequada aos mais jovens (embora não só: os graúdos não costumam ficar alheios à qualidades das obras presentes nesta secção) e pelo menos três longas-metragens que poderão ser de produção nacional ou estrangeira.