Publicado na edição de hoje do
Jornal de Leiria:
Esta lista top 5 é, no fundo, um top 6. Porquê? Por reservar o último lugar a essa coisa rara por cá: o cinema documental. E por aí encontrarmos dois dos melhores exercícios visuais sobre a memória pessoal que vimos nos últimos tempos. Quem disse que os últimos não eram os primeiros?
1 ::
Gran Torino de Clint Eastwood
O filme do ano e nova obra-prima de Clint Eastwood, o maior cineasta vivo da actualidade, numa história que resume uma carreira e um percurso ímpares, servindo ainda de testamento do grande cinema e da marcante iconografia a que nos habituou.
2 ::
Sacanas sem Lei de Quentin Tarantino
Provavelmente, o filme mais “Tarantino” de Tarantino, onde palavra, símbolo e literatura atingem na obra deste compulsivo reciclador do cinema popular o seu expoente máximo, alimentando a tensão de sequências únicas e onde a acção explode literalmente em todas as direcções.
3 ::
Milk de Gus Van Sant
Uma obra no limiar da perfeição e verdadeiro manifesto do liberalismo americano, espelho da luta pelos direitos civis de uma época (que também é a nossa) como marca de liberdade e como expressão ainda do melhor cinema de um “autor” americano por excelência.
4 ::
Star Trek de J. J. Abrams
A isto, sim, podemos chamar renovação de um dos “serials” mais icónicos da ficção científica, não apenas na sua dimensão visual e narrativa, mas através dos valores fundamentais que regem um género, apesar de tudo, clássico, onde a qualidade e o entretenimento nunca foram incompatíveis.
5 ::
A Valsa com Bashir de Ari Folman /
As Praias de Agnés de Agnés Varda
Primeiro, foram dois documentários a conseguir chegar a um “difícil” circuito de distribuição que vive, anseia e se deixou dominar por vampiros e “blockbusters”. Segundo, porque fizeram do passado e da memória pessoal um universo de auto-descoberta, espelho de traumas pessoais ou puro reflexo da magia do cinema.
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