segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pare, Escute, Olhe de Jorge Pelicano em Alcobaça


E assim termina a extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça com a obra de todos os prémios (Melhor Longa-Metragem, Melhor Montagem e Prémio IPJ Escolas) e de todas as controvérsias (cinema documental ou reportagem televisiva?, questionava-se): Pare, Escute, Olhe de Jorge Pelicano encerra hoje, às 21h 30, mais uma passagem do certame por Alcobaça, lançando um olhar profundo e comovente sobre o abandono da linha do Tua e a desertificação do interior do país.

sábado, 21 de novembro de 2009

Luanda, A Fábrica da Música



Para terminar, teremos hoje à noite, pelas 21h 30 (filme que repete amanhã, pelas 19h), mais um documentário da dupla Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves que depois de filmes como Oxalá Cresçam Pitangas ou Mãe Ju voltam a olhar para Luanda e para o território angolano, através das suas vibrantes formas de expressão musical - onde o kuduro assume um especialíssimo destaque -, com um amplo fascínio e uma sentida atenção, a sublinhar sem contemplações a criatividade evidenciada hoje em dia pelos jovens angolanos. Basta dar uma olhada ao trailer para perceber do que falamos. Imperdível!

Sessão de Curtas Premiadas


Ainda hoje temos uma Sessão de Curtas Premiadas, pelas 19h, onde teremos a oportunidade de observar os filmes Passando à de Zé Marôvas de Aurora Ribeiro, vencedor do Prémio de Melhor Curta-Metragem Nacional, e Entrevista com Almiro Vilar Costa de Sérgio Costa, obra que recebeu uma Menção Especial: esta sessão repetirá na próxima segunda-feira, dia 23, também pelas 19h.

Lisboa Domiciliária de Marta Pessoa



E ao segundo dia da extensão doclisboa 2009 em Alcobaça entra em cena Lisboa Domiciliária, uma obra de Marta Pessoa, realizadora que estará presente não na sessão de hoje, pelas 17h, mas amanhã à noite, às 21h 30, para debate com o público. Um filme que documenta o isolamento a que os idosos de Lisboa muitas vezes se vêm sujeitos nas suas próprias casas e bem no meio da capital do país; um mundo dentro do mundo onde os corpos unem-se às casas e criam uma nova arquitectura.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ainda hoje: Os Esquecidos de Pedro Neves



Também hoje, no programa do dia, a extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça, mostra-nos Os Esquecidos do realizador leiriense Pedro Neves, pelas 19h, filme que terá uma nova exibição no próximo domingo, pelas 17h. Uma obra que nos mostra o lado escondido da pobreza no Grande Porto e o drama vivido por aqueles que tropeçaram no entulho e na desilusão, na privação, na perda, na angústia.

Confirmem na vossa agenda: é hoje!


Começa hoje a extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça, um evento que dura até à próxima segunda, dia 23 de Novembro, com o filme Escrever, Escrever, Viver de Solveig Nordlund, que tal como todas as obras presentes terá direito a duas sessões, pelas 14h 30 e 21h 30. Trata-se de um retrato documental do escritor António Lobo Antunes que passa em revista a sua vida e obra: a infância, a psiquiatria, a guerra colonial, o 25 de Abril, os livros, o cancro que em 2006 lhe foi diagnosticado e as marcas que deixou. Apareçam!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Marta Pessoa no Cine-Teatro de Alcobaça


Mais uma presença confirmada: Marta Pessoa, realizadora de Lisboa Domiciliária, filme que será exibido na extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça, estará presente e disponível para uma conversa com o público no final da sessão do próximo domingo, dia 22 de Novembro, pelas 21h 30. A cineasta nasceu em Lisboa, em 1974 e concluiu o curso de Cinema da ESTC, tendo-se especializado nas áreas de Realização e Imagem. Desde então tem trabalhado em diversas áreas da produção cinematográfica e teatral e a sua filmografia recente inclui títulos como a ficção Manual do Sentido Doméstico (2007) ou o documentário Sobre Azul (2005).

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Jorge Pelicano no Cine-Teatro de Alcobaça


Confirmadíssimo: a derradeira sessão da extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça que decorre no próximo dia 23 de Novembro, segunda-feira, pelas 21h 30, e exibirá o grande vencedor da edição deste ano do festival na Competição Nacional (foram três prémios de uma assentada: Melhor Longa Metragem, Melhor Montagem e Prémio IPJ Escolas): Pare, Escute, Olhe de Jorge Pelicano, contará com a presença do realizador na sessão para conversa com o público. Uma óptima oportunidade para colocar perguntas directamente ao jovem cineasta, discutir o panorama do documentário português, questionar sobre o que o levou a subir até à linha do Tua e filmar aquela região, e quem sabe aflorar ainda a grande controvérsia que o filme gerou no certame e no meio cinematográfico depois de ser premiado - onde a dúvida era: será que Pare, Escute, Olhe é cinema documental ou reportagem de televisão? Mas estejam atentos, esperam-se nos próximos dias mais presenças e confirmações de realizadores para a realização de debates.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Folheto Extensão doclisboa 2009 em Alcobaça



No mesmo dia em que vai para a rua, aqui está também o folheto com toda a programação e informação disponível da extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça. Folheiem, façam as vossas escolhas e apareçam.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Alteração do Filme de Abertura doclisboa 2009



Atenção, atenção: por razões alheias à organização da extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça, o filme de abertura inicialmente previsto para o dia 20 de Novembro foi retirado e substituído. Nesse sentido, o documentário Com que Voz, realizado por Nicholas Oulman, saiu do programa e em seu lugar será exibida a obra Escrever, Escrever, Viver de Solveig Nordlund, um retrato sobre a vida e a carreira do escritor António Lobo Antunes. Pelo facto, deixamos as nossas mais sinceras desculpas. Não deixem de consultar todo o programa actualizado, com sinopses, fichas técnicas e trailers aqui.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Programa extensão doclisboa 2009 em Alcobaça



Já está definido o programa da extensão doclisboa 2009 no Cine-Teatro de Alcobaça. No total são 7 filmes, 12 sessões, 5 longas e duas curtas, durante 4 dias, de sexta a segunda, entre os próximos dias 20 e 23 de Novembro. Cada uma das obras presentes tem duas sessões à escolha (ou seja, quem falhar da primeira vez tem sempre uma segunda oportunidade, deixa de ter desculpa) e em cena estarão 4 obras premiadas, com destaque para Com que Voz de Nicholas Oulman (na sessão de abertura) e Pare, Escute, Olhe de Jorge Pelicano (na sessão de encerramento). Estão a convidados a folhear o folheto do programa aqui.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Fotografias de Rodagem do Cinema Português


Aí está uma viagem interessante e bastante pertinente ao mundo dos bastidores do cinema português: a Fnac Colombo tem patente até ao próximo dia 27 de Novembro uma exposição intitulada Fotografias de Rodagem do Cinema Português composta por material pertencente ao Arquivo Fotográfico da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema. Trata-se de uma série de fotografias de rodagem do cinema português, feitas entre os anos 1920 e os anos 1970, focalizada sobretudo em dois períodos: o período clássico do cinema português, nos anos 1930 e 1940, e o Cinema Novo, nos anos 1960. Se forem à Zara ou atrás do Bolaño também pode ser interessante passarem por lá.

Les Liaisons Dangereuses de Choderlos de Laclos


Durante um destes fins-de-semana fizemos um exercício interessante: ver Valmont e Ligações Perigosas, as duas adaptações (recentes) mais famosas da obra literária de Choderlos de Laclos ao cinema (e sim, confessamos, nunca tínhamos visto ambos filmes, tal como nunca dissemos que éramos o "cinéfilo perfeito"). Pareceu-nos muito evidente que o filme de Milos Forman (Valmont) é muito superior ao de Stephen Frears (Ligações Perigosas); uma constatação que não pareceu tão óbvia à crítica na altura. Ambos os filmes estrearam muito perto um do outro, julgo que primeiro Ligações Perigosas e só depois Valmont, o que não ajudou no segundo caso - Valmont é normalmente esquecido pela memória do grande público que acabou ao longo do tempo por o colocar numa posição abaixo do seu predecessor (talvez pelo elenco cheio de estrelas da altura, tais como John Malkovich, Glenn Close ou Michelle Pfeiffer, que detinha claramente um maior estatuto em comparação a Colin Firth, Annette Benning ou Meg Tilly - hoje talvez fosse diferente - a par ainda de toda a publicidade que obteve graças à cerimónia de Óscares onde foi nomeado para 7 estatuetas, das quais conquistaria 3).


Mas Valmont é melhor em tudo a Ligações Perigosas; as personagens mais credíveis e convincentes, um argumento mais coerente e equilibrado, uma narrativa mais estruturada, tensa e atraente. Valmont tem mais nervo e ao mesmo tempo maior subtileza na abordagem ao clássico texto literário de Laclos (o que lhe dá uma graça e uma leveza digna da superficialidade da época), cria mais contexto (com mais e melhor informação no desenvolvimento da acção), o que nos ajuda a compreender melhor a complexidade social e psicológica daquelas personagens e a densidade de toda a trama - intrincadíssima de jogos de sedução e artimanhas sexuais, insuflada pelas estratégias de conveniência e pela hipocrisia dos tempos, retrato agudo de uma sociedade corrompida até ao tutano pela vaidade pessoal, pela manutenção da classe social, pelo puro materialismo.


Ligações Perigosas tem bonecos vazios de humanidade (e actores demasiado conscientes do seu desempenho: o que torna o filme uma passerelle do "cast do momento" - acima de tudo é um filme vítima do seu casting, e aí compreende-se o seu sucesso junto da Academia de Hollywood), um guião que por vezes não parece encaixar e insiste em deixar imensas pontas soltas, além de perosnagens negligenciadas como é o exemplo de Cecília de Volanges (Uma Thurman) e do Cavaleiro de Dancenny (Keanu Reevers), figuras a quem são dadas um maior protagonismo e interferência em Valmont (ali interpretadas por Fairuza Balk e um surpreendente Henry Thomas, o menino de E.T. - O Extraterrestre); afinal de contas são eles os principais instrumentos das secretas perversidades do Conde de Valmont (Colin Firth) e Madame de Merteuil (Annette Benning). Onde há carne e alma em Valmont (apesar de tudo aquelas personagens movem-se por uma necessidade imperiosa de amor), há artificialismo e tiques de poseur em Ligações Perigosas.


Em sites como o allmovie.com, Valmont recebe 2 estrelas (em cinco possíveis), enquanto Ligações Perigosas leva 4,5 (o que é uma verdadeira injustiça, parece-nos que deveria ser ao contrário). Depois, dentro dos critérios válidos a que nos permitimos na apreciação de uma obra de cinema, Valmont teve pelo menos esta qualidade: manter-nos despertos até ao fim e bem depois da meia-noite presos ao destino das suas personagens (confessamos outra vez que nunca tínhamos lido o livro, o que já não é o caso hoje, pela razão simples que também nunca dissemos que éramos o "leitor perfeito", apesar de tudo fazermos por isso), facto inverso a Ligações Perigosas que nem uma tardinha ricamente preenchida de sol nos impediu de baixar a pálpebra de tédio e aborrecimento - pois se todos os outros argumentos não ajudarem a explicar porque se ama mais um filme do que outro, pelo menos cremos que estes servirão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Estoril Film Festival


E talvez seja desta que Paulo Branco consiga colocar definitivamente o Estoril Film Festival no panorama dos grandes eventos nacionais ligados ao cinema (isto depois de alguns falsos arranques e de uma certa errância programática nas primeiras edições): o certame arranca hoje com a inauguração da exposição Portraits "In - Eyes" de Juliette Binoche (que conta com a presença da actriz) e a projecção, em regime de antestreia nacional, do mais recente filme de Wes Anderson Fantastic Mr. Fox.

Portraits "In - Eyes" poderá ser vista no Centro de Congressos do Estoril, mas Juliette Binoche estará ainda amanhã às 18 horas no mesmo espaço para autografar o livro Portraits “In-Eyes” sobre a sua exposição e, às 19h30, fazer a apresentação do documentário Juliette Binoche Dans les Yeux, realizado pela sua irmã Marion Stalens, que também estará presente.

Ruas da Amargura de Rui Simões



É uma ocasião feliz e rara para o documentário português pouco habituado a assistir a estreias suas no cenário da distribuição nacional: Ruas da Amargura, obra do veterano e consagrado documentarista português Rui Simões (autor de filmes-charneira para a compreensão da nossa identidade histórica e social como Deus, Pátria, Autoridade ou Bom Povo Português, entre outros), estreou hoje em várias salas e pontos do país, tais como Lisboa, Porto, Coimbra e Almada. Um caso verdadeiramente excepcional quando sabemos que o documentário português dificilmente consegue chegar às salas de cinema do país e muito menos se permite a uma distribuição tão ampla como a que neste exemplo dá para perceber se pretende atingir (pois se já é raro conseguir espaço de exibição em cidades como Lisboa ou Porto, pior se torna quando se procura expandir para fora desse âmbito numa mesma data).

O filme que esteve presente o ano passado na Competição Nacional do doclisboa 2008 não só chega num contexto e numa época totalmente pertinente ao fenómeno que aborda (18% de pobreza em Portugal é razão suficiente para que o cinema sirva de campo de reflexão sobre um dos dramas do país) como é ainda um retrato profundo e impressionante sobre a integração da pobreza na nossa sociedade, assim como uma viagem à face mais visível e terrena dessa realidade através de quotidiano e da vivência de diversas personagens. E há dois factos que urge redescobrir com Ruas da Amargura (e que só por si deveriam ser razões suficientes para pôr toda a gente a correr para a sala de cinema a comprar bilhete): a revelação, cada vez mais consciente e presente, da força e qualidade do documentarismo português, e o confronto com o panorama da pobreza, questão a que já não dá para fugir nem fingir que não se vê e com o qual nos cruzamos todos os dias. Não costumamos dizer isto de muitos filmes, mas este é mesmo um filme obrigatório.