quinta-feira, 29 de abril de 2010

Folheto Extensão IndieLisboa 2010 em Leiria



O programa da extensão IndieLisboa 2010 em Leiria já está disponível e pode ser visto nas colunas ao lado, mas uma boa ideia também era espreitarem o folheto ainda antes dele ir para a rua amanhã - ena, ena, já viram o privilégio? E porque nesta história de privilégios não ficamos por aqui, é preciso dizer ainda que o Teatro José Lúcio da Silva e o Teatro Miguel Franco recebem já na próxima segunda (dia 3 de Maio) e até quarta (dia 5), apenas um dia depois do IndieLisboa 2010 terminar em Lisboa, aquela que é na verdade a primeira extensão imediatamente após a edição deste ano. A abrir no Teatro José Lúcio vamos ter o documentário de Jorge Quintela: On the Road to Femina, presente na secção Indie Music e sobre a gravação e o lançamento do álbum Femina de The Legendary Tigerman (a sessão decorre às 21h 30).

Já no dia seguinte, e naquele mesmo espaço, pelas 14h 30, será então a vez dos mais pequenos terem direito a uma sessão IndieJúnior curtas >3 anos onde poderão admirar um conjunto de filmes de animação expressamente dirigidos à sua idade (embora os adultos também estejam convidados). Pouco mais tarde, pelas 21h 30, chega a vez de Heddy Honingman, cineasta a quem foi prestada homenagem na edição do IndieLisboa deste ano através da secção Herói Independente, mostrar-nos O Amor Natural, um documentário passado nas praias do Rio Janeiro sobre o amor, o sexo e o erotismo (e toda a alegria que isso nos traz à vida).

A terminar, no Teatro Miguel Franco, teremos duas sessões, pelas 18h 30 e 21h 30, dedicadas a mostrar algum dos Filmes Premiados no Festival (e que naturalmente até esta altura não saberemos quais serão, mas que oportunamente serão divulgados depois da cerimónia de atribuição dos prémios a decorrer no próximo sábado).

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Oliveira de volta a Cannes


Manoel de Oliveira, ausente o ano passado no Festival de Cinema de Cannes e alvo de homenagem há dois anos atrás neste mesmo certame, durante a celebração do seu centenário, regressa na edição deste ano à selecção oficial com um novo filme (a decorrer de 12 a 23 de Maio): O Estranho Caso de Angélica. A obra está ainda em fase de montagem e vai ser exibida fora de competição, na secção Un Certain Regard, onde também poderemos encontrar outro veterano da Sétima Arte: Jean-Luc Godard que mostrará Film Socialisme.

Quanto à mais recente produção de Oliveira trata-se da adaptação de um projecto antigo do realizador, dos anos 50, cujo argumento chegou a ser inclusivamente editado em livro, e que tem como protagonista a actriz espanhola Pilar López de Ayala. O restante elenco integra os habitués do cineasta: o neto Ricardo Trepa, assim como Leonor Silveira, Luís Miguel Cintra e Isabel Ruth.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Werner Schroeter (1945 - 2010)



O cineasta germânico Werner Schroeter morreu na madrugada de ontem, com 65 anos, na Alemanha.

Herzog e os confins da Natureza


Werner Herzog nunca escondeu o seu fascínio pela relação entre o Homem e a Natureza; em muitos dos seus filmes mais recentes (Grizzly Man, Encounters at the End of the World) o realizador germânico eleva mesmo os retratos dessa ligação entre o humano e o natural a uma dimensão quase mística e radical, por vezes espiritual, noutras vezes alienatória, mas sempre fixado nas várias formas e dimensões que tais experiências limite podem vir a ter e a modo como tocam temas universais como a morte, o divino e as nossas origens.

O projecto do seu próximo documentário não será, portanto, muito diferente: Herzog parece ter conseguido autorização para filmar no interior das grutas de Chauvet-Pont-d'Arc, situadas na zona de Ardèche, sul de França, onde podem ser encontradas as mais antigas pinturas rupestres descobertas até à data, com cerca de 30 mil anos de existência. Se este facto é extraordinário, tendo em conta que as grutas e as pinturas têm estado vedadas ao público devido ao risco sério de degradação e preservadas fora de qualquer contacto humano, Herzog pretende ainda rodar esta nova produção em 3D.

Ou seja, por outras palavras, o documentário de Herzog pode bem constituir a única oportunidade que teremos de observar este espaço e as milenares pinturas que nos mostram leões, panteras, ursos, hienas, rinocerontes (sim, leram bem, rinocerontes) ou mochos - o que sugere até que ponto a fauna e a flora da vida selvagem em França era diferente da de hoje. Segundo declarações do cineasta, este era um filme que há muito desajava fazer já que a arte rupestre foi sempre algo que o fascinou. Quanto à tecnologia utilizada, Herzog adianta que o processo utilizado tem sido bastante difícil e duro. As paredes não podem ser tocadas e as luzes não podem criar qualquer tipo de temperatura. As câmaras foram construídas totalmente de raiz e usam lentes específicas para o efeito 3D, algo que nunca foi feito.

Stanley Kubrick em Milão


Já se sabia que Stanley Kubrick antes de ter olho para o cinema havia tido olho para a fotografia: para ele foi aí que tudo começou, por volta dos seus 13 anos, quando o pai lhe ofereceu uma máquina fotográfica Leica III - o que levou o jovem artista não só a descobrir a paixão pela imagem como a aperfeiçoar a sua técnica, isto antes de ser contratado pela revista Look quando ainda tinha apenas 17 anos.

O realizador de 2001: Odisseia no Espaço permaneceu na revista Look durante cinco anos, ingressando mais tarde no mundo do cinema, e deixando para trás a fotografia. Perdeu-se um fotógrafo, mas ganhou-se um cineasta (um dos mais importantes de sempre) e por isto Kubrick vai ter agora uma exposição em Milão onde será exibida uma colecção de cerca de 200 fotos capturadas entre 1945 a 1950 pelo realizador.

Consta que um ano antes da sua morte, o organizador da exposição, Rainer Crone, foi ter com o realizador para pedir autorização para reunir o material patente na cidade italiana. Kubrick ter-lhe-á dito "tome o seu tempo e boa sorte". 12 anos depois, o resultado pode ser visto no Palazzo della Ragione de Milão, de 16 de Abril a 4 de Julho.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Panorama 2010


Começa hoje a quarta edição do PANORAMA, a Mostra do Documentário Português, que ao longo dos próximos dez dias exibirá nas salas do cinema São Jorge, em Lisboa, os melhores documentários produzidos em Portugal durante o último ano. O filme que dá início a este certame, pelas 21h 30, será Jaime de António Reis, que a par de Margarida Cordeiro são os cineastas homenageados na secção Percursos no Documentário Português (com exibição garantida da restante filmografia da dupla: Trás-os-Montes, Rosa de Areia e Ana). Haverá ainda antes da sessão de abertura, pelas 19h, o lançamento dos Livros de Debates I, II e III, edições que são uma memória das conversas ocorridas entre 2006 e 2009 e marcam não só a história do próprio PANORAMA, mas muito mais claramente os três anos de história do documentário português.

Depois de uma primeira edição cuja a programação foi organizada por temas, de uma pesquisa na segunda sobre as ferramentas do cinema documental português e da tentativa de descobrir como se trabalha no documentário na última edição, a 4ª Mostra do Documentário Português, que decorre até ao próximo dia 18 de Abril, dá continuidade à questão levantada no ano passado, olhando para a produção dentro de paredes particulares: as da escola. Consultem o programa aqui ou dêem uma olhada ao folheto aqui.

Imagem: António Reis

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Di Caprio as J. Edgar Hoover


Depois de interpretar o papel de um detective do FBI no último filme de Martin Scorsese, The Shutter Island, Leonardo di Caprio parece que vai subir um pouco na hierarquia e interpretar o mítico J. Edgar Hoover, fundador e director durante vários anos do Federal Bureau of Investigation, uma das mais poderosas e temidas personagens da História dos Estados Unidos no século passado (e em particular no período pós-II Guerra Mundial), numa produção que será assinada por Clint Eastwood. O argumento, que será escrito por Dustin Lance Black (guionista de Milk que assim parece pegar em alguém que está nos antípodas da imagem do activista pelos direitos dos homossexuais que Gus Van Sant retratou - ou talvez não: são vários os rumores que davam Hoover como um homossexual "escondido" e com tiques de travesti) abordará a ascensão desta controversa personalidade, desde o instante em que fundou o FBI até ao momento da sua morte em 1972, altura em que continuava a ocupar o cargo cimeiro desta organização.

Cinema santo



E depois não nos venham dizer que o cinema português não existe ou que é uma "seca", que o Manoel de Oliveira está velho e acabado ou que não quer saber do público e das audiências, que os filmes portugueses são a melhor cura para a insónia ou a fonte de todos os tédios, essas coisas e tal. Ou que não há beleza aqui, e sonho, e espelhos, e cinema. A Vida, a Morte e o Sagrado - assim mesmo com maiúsculas. E Bénard da Costa (que saudades).

sábado, 3 de abril de 2010

Cartas de Brando e Tennessee Willams


"O sucesso é uma verdadeira e subtil prostituta"

Marlon Brando numa frase que integra uma das cartas trocadas no ano de 1955 com o escritor Tennessee Williams e que este site agora disponibiliza.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dança em família



Running on Empty (título original que preferimos ao nacional Fuga Sem Fim) é um belíssimo filme de Sidney Lumet, um dos cineastas americanos mais injustamente subestimados, que cruza o universo da adolescência e da família com uma sensibilidade invulgar - embora pelo meio ainda haja uma história de dissidência política e marginalidade, é certo, e uma meditação sobre o crescimento que importa não desprezar. Mas essencialmente é um filme com tudo no sítio: ritmo, narrativa, personagens em que se acredita, uma mise-en-scene à beira da perfeição e uma delicadeza visual rara (Lumet pega em cada cena e em cada imagem como se pegasse nas asas de uma borboleta). E claro, River Phoenix, Judd Hirsch, Christine Lahti ou Martha Plimpton, actores a quem Lumet retira a matéria-prima do cinema. Esta sequência explica em parte o que queremos dizer e explica um pouco do princípio que assiste a esta obra-prima numa extraordinária e singela dança de corpos, sentimentos e relações. Há muito tempo que não víamos uma família destas no cinema.

James Cameron ambientalista?


Quem disse que o cinema de James Cameron é só fantasia? O realizador anda agora pelo mundo com uma missão que pode ser entendida quase como uma espécie de correspondência entre a realidade e as questões que atravessam boa parte do maior sucesso de bilheteira da História do Cinema: Avatar. Este anda não só preocupado com o impacto ambiental de uma central hidroeléctrica na Amazónia como o site da Globo vai avançando que o cineasta resolveu enviar uma carta formal ao Presidente brasileiro, Lula da Silva, a solicitar a suspensão imediata do projecto de construção desta infra-estrutura em Monte Belo.

Para isso Cameron deslocou-se mesmo ao Brasil para participar no Fórum Internacional de Sustentabilidade, em Manaus, onde aproveitou para se encontrar com representantes do povo de Xingu. Isto mostra bem do empenho do ex-marido de Kathryn Bigelow na luta contra a construção da central que já foi comparada à do povo Na`vi. James Cameron afirma que ambos sofrem "ameaças e injustiças" e considerou a hipótese de ainda vir a filmar a sequela de Avatar na Amazónia (ora aí está uma novidade). Parece que o governador Eduardo Braga e o Secretário de Estado da Cultura, Robério Braga, tentaram ainda convencê-lo rodar parte do filme naquela região, tendo sido enviado ao realizador de Titanic uma Carta de Apoio à Produção Audiovisual na Amazónia, além de uma lista com as zonas que poderiam servir de ao filme.

Foi aliás através do contacto com muitos dos realizadores internacionais que por ali passaram, como Sir Alan Parker, Claude Lelouch, Norman Jewison, Irvin Kershner, Paul Redman, John Boorman, John Mc Tiernan, Roman Polanski, Hugh Hudson e Matt Dillon, que Cameron tomou conhecimento da zona e da sua "fotogenia" adequada a produções audiovisuais, defendendo também a necessidade de haver um maior convívio e uma maior harmonia entre a natureza e a indústria do cinema nos próximos anos. "Acho que os filmes podem ser feitos de maneira mais verde", adiantou.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tim Burton adapta A Bela Adormecida


Depois do sucesso nas bilheteiras de Alice no País das Maravilhas, o que é caso para dizer que Burton está hoje também no "país das maravilhas" das apostas dos estúdios, o realizador norte-americano já é apontado para mais uma adaptação de um clássico da literatura infantil: A Bela Adormecida (história criado pelo francês Charles Perrault no longíquo séc. XVII). Ou seja, Tim Burton mantém-se no domínio dos mundos de fadas (isto também deve significar no domínio do mundo 3D) e prepara-se para transformar em filme e com personagens reais (ou não, ou talvez ambas, ninguém sabe) um clássico do imaginário infantil - e se bem conhecemos Burton deve vir aí uma Bela Adormecida negra, muito negra. Bastante certa parece ser também a presença de Angelina Jolie que ao que consta, segundo o Guardian, deverá interpretar o papel da Rainha Má. De momento, e quanto a nomes, é tudo. Mas por nós, Burton e Jolie já chegavam.

Binoche pinta o cartaz de Cannes


Esteve presente no último Estoril Film Festival onde, além de mostrar que sabia representar, aproveitou também para revelar pela mão de Paulo Branco os seus dotes na pintura: o certame contou então com uma exposição de quadros da sua autoria. Talvez por isso (ou talvez não) o Festival de Cinema de Cannes resolveu igualmente trazer Juliette Binoche para a frente do cartaz na sua 63.ª edição. O cartaz oficial, portanto, é aquele que podemos ver acima onde a actriz francesa demonstra não só que sabe pegar em pincéis como desenhar a luz de Cannes (no cinema é tudo uma questão de "luz"). A foto é de Brigitte Lacombe e o grafismo pertence a Annick Durban. O corpo e o sorriso são de Juliette Binoche.