terça-feira, 13 de abril de 2010

Herzog e os confins da Natureza


Werner Herzog nunca escondeu o seu fascínio pela relação entre o Homem e a Natureza; em muitos dos seus filmes mais recentes (Grizzly Man, Encounters at the End of the World) o realizador germânico eleva mesmo os retratos dessa ligação entre o humano e o natural a uma dimensão quase mística e radical, por vezes espiritual, noutras vezes alienatória, mas sempre fixado nas várias formas e dimensões que tais experiências limite podem vir a ter e a modo como tocam temas universais como a morte, o divino e as nossas origens.

O projecto do seu próximo documentário não será, portanto, muito diferente: Herzog parece ter conseguido autorização para filmar no interior das grutas de Chauvet-Pont-d'Arc, situadas na zona de Ardèche, sul de França, onde podem ser encontradas as mais antigas pinturas rupestres descobertas até à data, com cerca de 30 mil anos de existência. Se este facto é extraordinário, tendo em conta que as grutas e as pinturas têm estado vedadas ao público devido ao risco sério de degradação e preservadas fora de qualquer contacto humano, Herzog pretende ainda rodar esta nova produção em 3D.

Ou seja, por outras palavras, o documentário de Herzog pode bem constituir a única oportunidade que teremos de observar este espaço e as milenares pinturas que nos mostram leões, panteras, ursos, hienas, rinocerontes (sim, leram bem, rinocerontes) ou mochos - o que sugere até que ponto a fauna e a flora da vida selvagem em França era diferente da de hoje. Segundo declarações do cineasta, este era um filme que há muito desajava fazer já que a arte rupestre foi sempre algo que o fascinou. Quanto à tecnologia utilizada, Herzog adianta que o processo utilizado tem sido bastante difícil e duro. As paredes não podem ser tocadas e as luzes não podem criar qualquer tipo de temperatura. As câmaras foram construídas totalmente de raiz e usam lentes específicas para o efeito 3D, algo que nunca foi feito.

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