Agora que David Carradine se foi (e quando mais do que nunca temos Kwai Chang Caine e Bill cravados no nosso coração) só nos lembramos daquele final de
Boxcar Bertha; o filme de Martin Scorsese onde o actor norte-americano (filho de uma outra lenda do cinema clássico: John Carradine - foi ele "o cobarde Robert Ford" que alvejou Jesse James pelas costas no filme de Henry King, foi ele o acossado de Henry Fonda na sequela de Fritz Lang sobre esse mito do "wild west") interpretava o papel de um marginal sindicalista (não necessariamente por esta ordem) nos tempos da Grande Depressão e que lhe valeu um dos grandes papéis da sua vida.
Num momento em que se discute se Carradine cometeu ou não suicídio, se estava ou não mais alguém no quarto, se foi ou não um acidente de masturbação, é essa a imagem que se sobrepõe - talvez uma das imagens mais crísticas da História do Cinema: com a personagem de Bill Hershey crucificada no vagão de um comboio a vogar rumo a destino incerto (sob o olhar e a desespero da Bertha de Barbara Hershey; a sua Maria Madalena). Rumo à eternidade.
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