São inúmeros os westerns produzidos por Hollywood que acabam por ter a Revolução Mexicana como pano de fundo (e assim, só de cabeça, lembrámo-nos imediatamente de Major Dundee ou A Quadrilha Selvagem, ambos do grande Peckinpah, mas também de Aguenta-te, Canalha! de Leone - provavelmente uma das visões mais desencantadas que conhecemos sobre o processo revolucionário mexicano -, entre outros), mas talvez em nenhum outro filme como Os Profissionais de Richard Brooks, e principalmente na sequência que citamos a seguir, se encontre melhor definição sobre aquilo que "sustenta" um ideal revolucionário (e por consequência, uma Revolução), algo que pode estar mais próximo (como se confirma pelas palavras da personagem interpretada por Jack Palance) de valores tão simples como o amor e a crença do que porventura por qualquer visionarismo moral ou político.
Pensamos que é isso o que melhor exprime este diálogo entre dois homens (Palance e Burt Lancaster) divididos por duas causas tão diferentes como o idealismo e o materialismo que os marcam nesta história: e neste ponto dizemo-vos apenas que o primeiro é um líder rebelde que procura recuperar a sua amada (e antigo amor de infância), uma bela mulher que fugiu de um casamento de conveniência com um velho milionário americano (aqui interpretada por Claudia Cardinale) e que é raptada por um grupo de "profissionais" constituídos por Lee Marvin, Burt Lancaster, Woody Strode, os quais a procuram devolver ao marido "descompensado" movidos pelo dinheiro da recompensa.
Jack Palance: Claro que sabes que um de nós tem de morrer.
Burt Lancaster: Talvez nós os dois.
JP: É uma tolice morrer por dinheiro.
BL: Morrer por uma mulher é ainda mais. Seja ela qual for, até ela.
JP: Quanto tempo esperas manter-nos aqui?
BL: Mais umas horas. Depois o que acontecer aqui não importa. Ela voltará a ser Mrs. Joe Grant.
JP: Mas isso não mudará nada. Ela é a minha mulher. Antes, agora e sempre.
BL: Nada é para sempre. a não ser a morte. Pergunta ao Fierro, pergunta ao Francisco. Pergunta aos que estão no cemitério dos Sem-Nome.
JP: Morreram por aquilo em que acreditavam.
BL: A Revolução? Quando os tiros pararem, os mortos forem enterrados e os políticos liderarem, vai tudo dar a uma só coisa: uma causa perdida.
JP: Para ti só vale a perfeição. És demasiado romântico, compadre. A Revolução é como um grande caso amoroso. No início, ela é uma deusa. Uma causa sagrada. Mas todos os casos amorosos têm um grande inimigo, o tempo. Vemo-la como ela é. A Revolução não é uma deusa, é uma pega. Nunca foi pura, nem santa, nem perfeita. Então fugimos, encontramos outra amante, outra causa. Casos rápidos e sórdidos. Luxúria sem amor. Paixão sem compaixão. Sem amor... Sem uma causa, não somos nada. Nós ficamos porque acreditamos. Acreditamos porque estamos desiludidos. Regressamos porque estamos perdidos. Morremos porque estamos empenhados.
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