sexta-feira, 19 de junho de 2009

See Raquel Welch In Mankind's First Bikini!


Parece inacreditável ao fim de todos estes anos, mas foi mesmo assim que aconteceu: "Vejam Raquel Welch no primeiro bikini da Humanidade!" era o slogan utilizado para publicitar o filme de Don Chaffey Quando o Mundo Nasceu (título original: One Million Years B.C.) em 1966, data da sua estreia, naquele que se tornaria num dos grandes veículos de promoção de uma das mulheres mais sensuais que Hollywood já conheceu - e cuja imagem (acima reproduzida precisamente a partir de umas das suas sequências capitais) permaneceria viva na memória de muitos (lembram-se dela ainda na cela do evadido Tim Robbins em Os Condenados de Shawshank?).

Olhando hoje para esta produção que viajava até à pré-história para retratar o modo de vida humano na época, não deixa de ser risível como o filme violava praticamente todas as regras básicas de rigor histórico e científico ao introduzir na sua história factos e elementos que na actualidade - e os quais de uma forma de outra todos nós contestaríamos - sabemos serem impossíveis à data. A começar pelo presença dos dinossauros no mesmo período de vida que o Homem, mas acima de tudo pela tentativa (um pouco ridícula e desarmante nos dias em que vivemos, é certo, embora também seja isso a construir boa parte do encanto deste "épico" kitsch) de transformar animais tão inofensivos como uma tartaruga ou uma iguana em monstros terríveis e mortíferos (exuberantemente ampliados e que aqui emitem sons estranhamente metálicos e anacrónicos).

Mas isto, claro, não era o importante, porque o importante era criar "espectáculo" e fazer de Quando um Mundo Nasceu um "acontecimento" no panorama dos efeitos especiais (aspecto amplamente conseguido, já que o filme até continua a ser referido como um dos percursores de tais técnicas na Sétima Arte): razão porque esse "imaginário", esse "mundo perdido" e cruzado de pesadelos e fantasias continuam a fazer desta produção ambiciosa um objecto de culto, um espaço de aventuras que só poderia ter lugar no grande ecrã.

Não é difícil reconhecer que por trás detrás de tudo isto tenha estado Ray Harryhausen, um dos grandes mestres e inovadores da tecnologia de "stop-motion" no cinema, tecnologia que tinha conhecido igualmente no passado (também em colaboração com Don Chaffey) um dos seus episódios mais fundamentais com Jasão e os Argonautas (1963). E contudo, no meio de tanta incongruência, de tanto delírio visual e atentado moral à ciência, talvez o mais surpreendente sejam mesmo os bikinis que a maioria das personagens femininas envergam (não nos esqueçamos que estamos a falar de mulheres pré-históricas) em corpos monumentalmente esculpidos, com total descontracção e inocência. Não há como fugir, a evolução teima em conduzir-nos a isto: ao sexo e ao corpo perfeito de uma mulher (leia-se: Raquel Welch).

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