segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Breillat e a polémica de Braga


Já agora, lembram-se da polémica que estalou há uns tempos em Braga, a respeito de um livro que expunha os meninos daquela cidade aos perigos "púbicos" de uma imagem capaz de revelar de forma absolutamente frontal e despudorada as virtudes do órgão sexual feminino? O acontecimento chegou a ser notícia de abertura nos noticiários televisivos e demonstrou bem a compulsão pidesca de alguma da nossa polícia: tratava-se de uma pintura de Gustave Courbet (A Origem do Mundo, 1866) reproduzida na capa de Pornocracia, livro de Catherine Breillat que a PSP de Braga apreendeu na feira do livro local com a desculpa de se estar perante um sério “perigo de alteração da ordem pública”.

Na altura, os diligentíssimos agentes decidiram-se por isto: apaziguar a moral ofendida de alguns pais incapazes de lidar com a "perversa" curiosidade dos seus filhos em troca da liberdade de expressão e do direito de venda daquele título num espaço perfeitamente adequado a isso. Isto apenas para dizer como este é um dos pequeníssimos exemplos da capacidade que Breillat tem de estimular a controvérsia, mesmo quando não quer, mesmo quando nada tem a ver com a história.

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