quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Michael Mann: o último dos moicanos


Dos três filmes onde Michael Mann abraçou as câmaras digitais, talvez Inimigos Públicos seja aquele que menos nos conseguiu entusiasmar, mas há um aspecto que se mantém no percurso deste realizador de quem não temos dúvidas em considerar como um dos grandes cineastas da actualidade: a sua dimensão clássica, o seu olhar perante uma personagem e a narrativa em que se integra e o peso que cada imagem sua ganha à medida que a história prossegue. Isso acontece em Inimigos Públicos, tal como acontecia nos seus dois mais recentes filmes: Colateral (2004) e Miami Vice (2006). E à semelhança de Heat - Cidade Sob Pressão (1995), O Último dos Moicanos (1992) ou até mesmo O Informador (1999), Mann volta a captar aqui, e com peculiar fascínio e atenção, a figura do acossado, não como um puro retrato romântico do "marginal", antes como último representante de uma velha linhagem, um animal em extinção, símbolo do fim de uma era e de uma tradição. À sua maneira, Mann filma também um pouco aquilo que ele é: um dos derradeiros intérpretes do classicismo no cinema.

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