John Hughes morreu ontem, dia 6 de Agosto, aos 59 anos. Desaparece assim, ainda com uma "jovem idade", o cineasta que filmou com peculiar fascínio a "jovem idade" da adolescência: filmes como
O Clube ou
O Rei dos Gazeteiros, provavelmente os mais famosos e acarinhados entre nós, ficam para a história como retratos pertinentes da "teen culture" dos anos 1980 - obras que em muitos deixaram a sua aura de culto e uma marca profunda a rimar com as "dores de crescimento" vivida pelos jovens dessa época. Não foi por acaso que chegou a ser alcunhado como "o filósofo da adolescência": Hughes não filmava a juventude apenas para obter os seus efeitos mais lúdicos ou imediatos, fornecendo-lhe também uma profunda marca existencial radicada nos processos de transformação da passagem à vida adulta e sobre o abandono da inocência. O seu sucesso junto do público, sobretudo jovens (embora não só), explica-se por esta capacidade de o realizador conseguir mais do que uma visão contemporânea dos dilemas e das angústias juvenis, exprimir ainda uma forte herança clássica no tratamento de tais temas. Talvez haja quem o veja, apesar de tudo, como um cineasta menor - mas quem nos dera que todos os cineastas menores fossem como ele.
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