Hoje temos mais um filme do ciclo Sexo: O Último Tabu que tem vindo a decorrer no Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha sob a nossa chancela: Romance é apresentado pelas 21h 30 e é um filme bem à imagem da sua realizadora, Catherine Breillat, controverso, visceral, excessivo, uma obra onde as fronteiras entre o pornográfico e a expressão do cinema como arte transgressora estão sempre a ser postas em causa (foi essa polémica que lhe valeu aliás no ano da sua estreia alguns problemas com a distribuição em França) e cujas imagens de sexo explícito (Rocco Sifredi, acima na imagem, e um dos mais afamados actores da indústria pornográfica, chega mesmo a ter um papel seu onde mostra parte dos seus "dotes") criaram um natural "hype" à volta.
Mas a controvérsia aqui é mais pretexto, também, ou sobretudo, para expor uma história sobre o desejo feminino que prefere apontar à visão daquilo que constitui a intimidade de uma mulher na sua busca de várias formas de prazer e na consumação dos seus desejos, tanto como na construção e descontrução de uma identidade feminina face a esse percurso. Mas o importante talvez seja dizer isto: o escândalo, a existir, nunca está do lado de Breillat e da sua personagem - e é por isso que Romance consegue escapar ao puro sensacionalismo que muitos quiseram ver nele -; a estar, ele estará sempre do lado do público que nesse campo só pode ser juíz e vítima dos seus próprios preconceitos (escolha que, apesar de tudo, a realizadora francesa tem o mérito de deixar do nosso lado).
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