segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Post #100 e o Verão Quente nas Caldas



Primeiro de tudo: este é o nosso post n.º 100, facto que merece uma pequena comemoração (já não estamos no ciclo básico onde desenhávamos o número da lição a giz no quadro, mas se tivéssemos uma ardósia era o que faríamos) e uma nota sincera de auto-satisfação (é preciso lembrar que um dos grandes problemas dos blogues passa por essa coisa vital que chamamos de manutenção, razão porque estamos muito contentes por ainda andarmos por aqui).

Em segundo lugar: estamos a entrar no nosso "Verão Quente" das Caldas que, por outras palavras, é o mesmo que dizer que hoje se inicia no CCC o ciclo de cinema Sexo: O Último Tabu, programa que durante todo o mês de Agosto propõe alguns dos títulos que nos últimos anos melhor analisaram a visão do sexo no grande ecrã. Não se trata de "pornografia", embora haja sexo explícito, e não se trata de "erotização", embora haja corpos despidos, aqui o que se pretende mostrar é o que certos autores consagrados fizeram no cinema (ou no "seu" cinema) pegando num dos últimos tabus a ser quebrado no mundo da Sétima Arte.

Intimidade de Patrice Chéreau pode bem ser hoje, pelas 21h 30, no Pequeno Auditório, o melhor exemplo do risco tomado por um realizador de créditos firmados num campo normalmente minado tanto por preconceitos morais e éticos como pelo puro exibicionismo físico e artístico. Trazer o sexo para a tela é entrar num território onde os limites entre o brejeiro e o visionário podem ser muito ténues. Mas Chéreau, conseguiu manter as distâncias e fazer de Intimidade um filme com o exacto peso e a exacta medida que o título simboliza, sem oferecer um espectáculo gratuito e primário da importância das relações sexuais e a sua influência nas vidas mundanas dos seres humanos que somos.

É uma obra de forte "intimismo" sobre dois amantes que desconhecem a dimensão social que cada um deles tem fora do apartamento onde se encontram (à socapa para satisfazerem os seus desejos sexuais) e que olha à lupa essa relação como um percurso de sede de afectos e de verdadeira descoberta (íamos dizer "penetração") no universo emocional e sentimental das suas personagens. Além de ter vencido o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim em 2001, este foi ainda o primeiro filme de Patrice Chéreau em inglês.

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