Não falta muito e é já daqui pouco: Brincadeiras Perigosas, a obra-choque que colocou definitivamente o nome do cineasta Michael Haneke no panteão dos grandes realizadores europeus contemporâneos, entra em cena no mesmo local onde a Cristina Areia andou a mostrar as maminhas para a Playboy, e claro, estamos a falar do Pequeno Auditório do Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha, que recebe assim mais um episódio do ciclo de cinema Perturbador!, pelas 21h 30. Esta obra, curiosamente, conheceu dez anos depois um remake destinado a explorar o mercado norte-americano (e se a versão que nós vamos ver é na verdade a original, isso também demonstra bem o carácter actual que manteve), assinada pelo próprio Haneke e que replicava fielmente os mesmos planos e sequências do primeiro, apesar do elenco ser composto por actores americanos (entre eles Naomi Watts, Tim Roth ou Michael Pitt).
Mas neste caso o que nos interessa é o filme original: é esse o filme que vamos ter oportunidade de ver porque é esse o filme que o remake, embora todo o rigor e desempenho dos seus actores (apesar de tudo, Haneke é também um director de "actores", um homem capaz de tirar deles mesmo aquilo que eles não têm para dar), não conseguiu superar (até porque estar em 1997 não é o mesmo que estar em 2007). Um filme que explora a violência na sua dimensão mais amoral e niilista, como vertigem e como abismo, mas igualmente como a face de um mal profundo nesta nossa sociedade de contornos mediáticos e consumistas. Como se o que víssemos (a violência física e psicológica) fosse tão real por ao mesmo tempo ser tão prova da encenação em que vivemos. Para estômagos fortes, muito fortes, mas ainda assim imperdível.
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