sábado, 10 de outubro de 2009

Notas sobre a cultura por Rui Vieira Nery


"Gastou-se muito dinheiro na construção de salas de espectáculos e auditórios em Portugal - e ainda bem - mas continua a não haver noção de que uma sala de espectáculos não serve para estar fechada. Só faz sentido se tiver actividade. Portanto, o passo a seguir seria ter programadores permanentes. É evidente que isto não dá votos. Mas há bons exemplos de salas que conseguiram criar dinâmicas de programação. Só que isso é um processo lento e exige alguma mudança de mentalidades, exige alguma noção da prioridade e investimento cultural como factor de desenvolvimento económico."

"Acho que (a actual política do Teatro Nacional de São Carlos) está numa enorme crise. É como ter um Rolls-Royce e depois não querer gastar dinheiro na gasolina."

"O principal problema da política cultural do Estado dos últimos 20 anos é que não há vontade política de a assumir como prioridade. Uma coisa que está clara em toda a Europa é que não há desenvolvimento económico e social sustentável sem uma componente cultural decisiva. Já não estamos a falar dos méritos espirituais das artes, mas de um sector que cria emprego, que gere mais-valias. É necessário dar ao Ministério da Cultura meios orçamentais adequados. O Estado não consegue fazer nem deixar fazer. Sou da geração do Tintim e costumo dizer que, nesta fase, tanto faz estar lá o general Tapioca como o general Alcazar porque a situação é a mesma. Penso que o engenheiro Sócrates, neste último ano, já por várias vezes reconheceu esta necessidade e deu a entender que haveria um investimento reforçado na próxima legislatura. Acabou por não haver uma quantificação no programa do PS."

Rui Vieira Nery em entrevista ao jornal Público de hoje

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