Gosto de Saramago, o escritor, não gosto de Saramago, a figura pública, já de Saramago, o homem, nada posso dizer que nunca o conheci (tirando uma palavras rápidas e um autógrafo trocados em tempos numa Feira do Livro de Lisboa). As suas palavras em Penafiel sobre a Bíblia são redutoras, limitadas e preconceituosas, para não dizer imbecis (e para quem se diz ateu mostram um homem muito desconfortável sobre a relação dos homens com Deus e talvez mais desconfortável ainda com aquela que é a sua própria não-relação com Deus). Mas o que irrita mais nas recentes declarações de Saramago não é o facto de reduzir a Bíblia a um "manual de maus costumes", é não reconhecer que ali está um livro - cuja existência ele não pode pôr em causa e que só por sinal é o "livro" sobre o qual estão fundadas, para o bem ou para o mal, boa parte dos alicerces da nossa sociedade - e que um livro tem sempre imensas leituras possíveis. Logo ele que tantas vezes foi vítima na sua vida de "misinterpretations". Ora, basta ver que sem a Bíblia, Saramago nunca teria escrito
Caim, tal como nunca teria escrito o
Evangelho Segundo Jesus Cristo - e só isto torna indesmentível o peso histórico e a influência daquele texto. Depois, ver Deus como ele vê; "vingativo", "rancoroso", "má pessoa" e que "não é de fiar", é o mesmo que reduzir o
Ensaio Sobre a Cegueira a uma simples história de gente degenerada e decadência. É por isso que não faz sentido agora vir Saramago negar à Bíblia a "liberdade de leitura" que conquistou, por exemplo, para a sua obra.
A relação de Saramago com o pai não foi boa,o mesmo se passa com a sua relação com Deus. Mais vale dizer que ele não existe ;)
ResponderEliminarQuando a religião não se transforma em fanatismo ela é saudável para qualquer pessoa. Quer se acredite que existe um Deus ou apenas uma força superior a quem chamamos a mãe natureza. (o Sol)
Para mim Deus é como um espelho, cada um que olhe para ele verá uma imagem diferente.
Elisabete Rodrigues, 33 anos
Estudei teologia com os católicos e com as T.J.