quarta-feira, 6 de maio de 2009

Leiria + Alcobaça = O melhor do Indie Lisboa



A intenção inicial era que as duas extensões do Indie Lisboa 2009 em Leiria (Teatro José Lúcio da Silva e Teatro Miguel Franco) e Alcobaça (Cine-Teatro de Alcobaça) não "competissem" uma com a outra no capítulo da programação (ou seja, evitando filmes repetidos ou uma selecção redundante). Conseguimo-lo: tirando a sessão de abertura do Indie Júnior + 3 anos, não existe mais nenhum título que, digamos, "colida" entre ambas as extensões (consulta a programação completa aqui). No fundo, a ideia era que os dois programas se complementassem e ao mesmo tempo permitissem ao público da região (Leiria e Alcobaça não estão assim tão longe uma da outra) a oportunidade de ver mais filmes e sentir durante mais dias o espírito de um festival tão relevante hoje como o Indie Lisboa.



O festival é sem dúvida um dos acontecimentos do ano na capital e assim temos, sobretudo, a hipótese de ver transportadas algumas das suas melhores obras numa lógica pura de descentralização que nunca deixou de ser um esforço nosso (é esse um dos princípios que move a *aurora) e da própria direcção do festival (que sempre se tem mostrado sensível a esse desejo). A Zero em Comportamento teve neste capítulo um gesto de enorme empenho (até porque não é muitas vezes fácil conseguir dar resposta a esta procura de títulos: as cópias normalmente seguem para outros festivais) e também de grande compreensão para as necessidades culturais da nossa região.



Deste modo, pensamos, a Zero em Comportamento compreende que o Indie Lisboa tem ao fim de seis edições não apenas uma dimensão cultural única em Lisboa, mas também nacional (apesar de tudo, já serão poucos os que não conhecem o festival, sem esquecer ainda a outra meia dúzia de extensões que vão construindo a reputação do festival por esse país fora). Não fosse isso e não teríamos, portanto, muitas chances de ver filmes como Louise-Michel da dupla Benoit Delèpine e Gustave Kervern ou Tony Manero do chileno Pablo Larrain, ou ainda O Homem que Engarrafava Nuvens de Lírio Ferreira e o último "opus" do Herói Independente deste ano, Werner Herzog, Encounters at the End of the World (o filme que, aliás, abriu o festival este ano e teve nomeação para a categoria de Melhor Documentário na última cerimónia dos Óscares). E falta-nos incluir aqui os premiados, tais como o português Visita Guiada de Tiago Hespanha (Prémio do Público para Melhor Curta-Metragem, cuja rodagem, sabemos, andou por monumentos como o Mosteiro de Alcobaça) ou Jalainur do chinês Ye Zhao (Prémio de Distribuição e mais um retrato profundo da China moderna).



São oportunidades únicas de respirar um pouco fora do, por vezes, "abafado" regime nacional de distribuição e perceber as várias formas de produção e de narrativa que existem por esse mundo, atravessadas pelas mais diversas latitudes e sensibilidades e possibilitando-nos olhar para realidades que raramente parecem ter lugar no actual panorama audiovisual (e a verdade é que têm). Observar estes filmes é viajar a um universo artístico que é naturalmente mais complexo e diversificado do que o "mercado" nos pretende fazer crer e, acima de tudo, obter uma visão do que implica a "independência" no domínio da produção cinematográfica.

2 comentários:

  1. Que grande e variado cartaz que se se aproxima. Bem haja pelos esforço e para bem de Alcobaça. Lá estaremos.

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  2. Mais um grande projecto a juntar a outros tantos que têm vindo a realçar o destacamento socio-cultural do concelho de Alcobaça nos últimos anos.
    Os meus sinceros parabéns!!
    Continuação de bons projectos e óptimos eventos como este!
    Até sexta!(amanhã)

    Ricardo Leandro

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