Uma das melhores memórias que retemos do Indie Lisboa foi a possibilidade que o festival nos deu de rever um dos filmes da nossa infância (não o víamos desde provavelmente os nossos sete ou oito anos, numa dessas projecções itinerantes que passavam pelos salões dos clubes recreativos das aldeias):
O Sargento da Força Um (1980) do grande Samuel Fuller. A versão que vimos na edição de 2005 do Indie Lisboa vinha não apenas restaurada, como trazia ainda 40 minutos adicionais à versão original que nos ficara na memória (reconstruída pelo crítico de cinema Richard Schickel, esta seria a visão mais próxima daquilo que o cineasta originalmente imaginara, daí o título:
The Big Red One: The Reconstruction).
É um filme de guerra como poucos, capaz de combinar o horror do conflito com muitos momentos de delírio, lirismo e comédia negra, sem deixar de ser bastante cru e visceral, o que se pode explicar por evocar também um pouco a experiência que o próprio realizador teve durante a II Grande Guerra, precisamente ao serviço da Força Especial Big Red One. Seguindo um esquadrão do exército norte-americano liderado por um convicto Lee Marvin, e através de uma Europa mergulhada no caos e no conflito militar, tem algumas sequências memoráveis (que a sessão acabou por ajudar a reconstruir na nossa memória feita de imagens vagas e imprecisas) como o desembarque na Normandia, um parto improvisado num tanque de guerra ou a visão dos campos de concentração nazis.
Não foi só o reencontro com uma fantástica obra de cinema, foi ainda um reencontro com a memória.
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