terça-feira, 28 de abril de 2009

J. G. Ballard: elogio da loucura


Uma magnífica e impressionante entrevista do escritor J. G. Ballard, recentemente falecido, a Paulo Moura, jornalista do Público, que no seu blogue aproveita para reeditar (oportunamente) um texto de 2004 a respeito do seu romance Gente do Milénio (o livro conheceu edição portuguesa pela Quetzal Editores no mesmo ano).

No entanto, mais do que o livro, temos aqui uma discussão sobre o tema da "loucura" (o título da entrevista chega a ser bastante ilustrativo: "numa sociedade saudável, a loucura é a única liberdade possível") e aquilo que o escritor augurava como o fim de uma era: "A filosofia das Luzes, nascida com a Revolução Industrial, com a sua promessa de riqueza, prosperidade, já deu o que tinha a dar."

Visivelmente pessimista, o autor adiantava mesmo: "Eu vejo a possibilidade de o consumismo, para sobreviver, sofrer uma mutação. Transformar-se numa espécie de versão "soft" de fascismo." Não só: "O Iluminismo é um projecto acabado. Está nas suas últimas fases e as pessoas estão a voltar-se para o irracional. Para a religião, como nos EUA ou na Arábia Saudita, ou para o irracionalismo político, como os grandes projectos utópicos do século XX, o comunismo e o fascismo, que originaram dois gigantescos pesadelos..."

Entre os mais aclamados romances de Ballard, podemos encontrar O Império do Sol, publicado pela primeira vez em 1984 (ganhou o Guardian Fiction Prize e o James Tait Black Memorial Prize, tendo sido finalista do Booker Prize), e Crash, adaptados ao cinema por Steven Spielberg e David Cronenberg respectivamente.

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