quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mão de Deus


Isto pode não ter muito a ver com cinema, mas a questão da interpretação de uma imagem é sempre um tema que nos interessa: a NASA acaba de captar a foto de uma nebulosa provocada por um pulsar que (e isto também não deixa de ser perturbador) tem no mínimo 1700 anos de idade. Os cientistas vêem ali basicamente uma estrela capaz de libertar no espaço massas de energia e matéria que acabam por causar formações como a que vemos. Já os místicos apontam para um "sinal divino": e não é preciso muita imaginação para perceber porque razão estes imaginam ver no conjunto visual de cor e matéria obtido a "mão de Deus".

Em suma, uns e outros vêem o que querem ver: o que nos parece ser ainda mais relevante do que qualquer outra discussão. Uma imagem é muito mais do que uma imagem: não só o sentido que lhe damos, não só a capacidade que tem de suscitar a nossa fantasia, os nosso medos, as nossas angústias (será que depois de uma época de puro "cinismo" não se avizinham por aí dias de "misticismo"?), os nossos desejos (sim, a economia, pelo menos, precisa bem de uma "mãozinha"), mas uma visão do "divino" (de uma "razão"?). O curioso é que seja a ciência a dar-nos a possibilidade dessa solução. E sabemos como esta certeza é tão antiga quanto o Homem: quem olha as estrelas arrisca-se naturalmente a ver Deus.

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